Entrevista: um olhar atento pode transformar o rumo da educação
- Ana Paula Prati
- 7 de dez. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de jun. de 2023

Quando um professor é movido pela paixão de ensinar, ideias brilhantes surgem e transformam a educação. Um exemplo desse amor que transforma é a educadora Priscila da Silva de Medeiros, de 43 anos, formada em Pedagogia pela Unesp.
Atual Supervisora de Ensino da rede Municipal de Rancharia, Priscila coleciona conquistas importantes em sua carreira. Além do trabalho desenvolvido para a empresa Multimídia Educacional, ela é idealizadora do projeto “Professora, como se escreve?”, que ficou entre os 50 finalistas no Prêmio Educador Nota 10 de 2019.
Nesta entrevista, a professora ressalta a importância de ressignificar o ensino da ortografia, tão valorizado fora do ambiente escolar, mas ainda antiquado no método atual de ensino-aprendizagem.
#1. Qual a sua relação com a Multimídia Educacional?
Conheci a Multimídia em 2014 quando estava na supervisão da Secretaria de Educação de Rancharia. A prefeitura do município fechou parceria com a empresa, que oferecia vários tipos de serviços educacionais.
Comecei a trabalhar com a empresa entre 2015 e 2016, porque precisavam de um material de alfabetização digital. Na época, a Multimídia não tinha um programa específico para isso, e foi quando surgiu o convite para desenvolver materiais direcionados à área de Educação Infantil e Ensino Fundamental.
#2. Esses materiais eram impressos e digitais?
Tem o material da plataforma Creator4all e o material do aluno, impresso — este segundo complementa o primeiro. Para exemplificar, após o professor desenvolver atividades com os alunos no laboratório de informática, é utilizado o material de apoio para dar continuidade a essa aula digital, mas em sala de aula.
Passei dois anos preparando o conteúdo digital sobre ortografia, bem como o material do aluno, enquanto lecionava.
#3. Como surgiu o projeto “Professora, como se escreve?”
A insegurança na hora de grafar certas palavras, por exemplo, o uso do “X” ou “CH”, do “M” ou “N”, impedia o desenvolvimento dos alunos do 5º ano em atividades como produção de texto.
Diante disso, reuni o material feito para a Multimídia Educacional e propus aos meus alunos uma nova forma de aprender ortografia. Basicamente, eles foram divididos em grupos conforme suas limitações e fizeram uma sequência de atividades. O meu objetivo não era trabalhar apenas com as regras prontas, a intenção era fazer com que os alunos construíssem essas regras refletindo sobre o uso correto da ortografia a partir dos textos produzidos por eles.
O projeto, dividido em oito etapas, da avaliação do diagnóstico à aplicação do método, ficou entre os 50 finalistas no Prêmio Educador Nota 10. No entanto, o projeto não passou para a fase dos 10 melhores, mas despertou o interesse da Nova Escola, que propôs comercializar o conteúdo via box em seu site.
#4. Qual a diferença dos materiais comercializados pela Nova Escola e pela Multimídia Educacional?
O material da Multimídia são seis volumes de livros completos e o guia do professor. Já o box do “Educador nota 10”, da Nova Escola, são orientações gerais de como é possível fazer um projeto de ortografia para os alunos escreverem melhor. Não há atividades, apenas explicação sobre a introdução do método.
#5. Hoje existe alguma manutenção periódica do material da Multimídia Educacional de modo que esteja sempre atualizado?
Eu fiz uma revisão geral no ano passado(2021) porque os conteúdos, de 2015, precisavam ser atualizados. Foram realizadas muitas adaptações para melhorar ainda mais o material.
Em 2021, a empresa lançou também um curso que tem na plataforma Creator4all, baseada no material do “Professora, como se escreve?”, que é fundamental para os educadores conhecerem a abordagem do produto.
#6. Qual a sua opinião, como professora, em relação a gamificação?
É interessante. Às vezes, utilizar o método tradicional, papel e lousa, é muito maçante. Há 30 anos o ensino era totalmente diferente, a ortografia se aprendia por via de ditado, se você errasse uma palavra, teria que escrever 10 linhas dela para não errar mais.
Precisamos nos atentar às mudanças e ensinar o conteúdo aplicando-o à linguagem desses jovens. Assim os alunos aprendem de uma forma mais significativa e atrativa.
Quando analisamos o ensino da ortografia em nosso país, da década de 2000 para cá, surgiram novas literaturas ressignificando a forma de ensino, e a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz bem nítido e muito forte isso. Existe a ortografia regular, com regras, e a irregular, sem regras, e elas não precisam ser apenas decoradas. Essa questão está inserida no material da Multimídia Educacional e foi o que me embasou para fazer o projeto para a Nova Escola.

Priscila da Silva de Medeiros — Graduada em Pedagogia pela Unesp de Presidente Prudente e História pela Unesp de Assis. Professora da rede Municipal de Rancharia e atual Supervisor de Ensino (parte Pedagógica) neste município, a educadora inovou na forma de lecionar.










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