Entrevista: Creator4all transforma a educação no município de Joanópolis

Da sala de aula à gestão da Educação no município de Joanópolis, Alice Aparecida de Oliveira Sanches, secretária de Educação no mandato de 2020 a 2024, inovou e transformou a realidade educacional desse município.
Com investimentos em recursos tecnológicos, como a plataforma Creator4all, as aulas tornaram-se mais atrativas, promovendo uma aprendizagem significativa.
Nesta entrevista, a secretária compartilha o início da implementação da plataforma, destacando o impacto que ela teve no avanço da educação. A seguir, você poderá conhecer as vantagens, os desafios enfrentados e um panorama sobre o uso da tecnologia na educação para os joanopolenses.
#1. Como teve início o uso da plataforma Creator4all?
Iniciou-se como um grande desafio junto à empresa parceira responsável MPS pois embora eu tenha gostado do software, sabia que seria desafiador aderi-lo na rede. Isso porque nossos professores não sabiam manusear a tecnologia. Ressaltei que teria de partir do zero, com a formação dos docentes, para que eles pudessem criar as aulas. O Alan, responsável pela supervisão do projeto, afirmou que isso não seria um problema, pois a empresa já estava acostumada a realizar esse tipo de treinamento.
#2. Faça uma análise do antes e depois do Creator4all e explique o que motivou a implementação desta plataforma.
Naquele momento de pandemia, foi crucial termos uma solução para enfrentar aquela situação de isolamento, pois não havia outra alternativa viável, já que as aulas presenciais não seriam possíveis. Por isso, a utilização de uma plataforma digital foi de grande importância para garantir que os alunos continuassem seus estudos.
No início, acreditávamos que a pandemia seria passageira e não duraria tanto tempo. No entanto, apesar das consequências, vejo que ela trouxe um lado positivo: o avanço tecnológico no ensino. Antes, eu acreditava que a inclusão da tecnologia seria um processo demorado, mas foi o contrário. Hoje, vejo professores criando e adaptando aulas digitais com facilidade. Em conversa com o Alan, paramos para fazer essa comparação e percebemos um crescimento significativo, principalmente no uso da tecnologia, que, atualmente, é a linguagem cotidiana dos estudantes.
#3. Qual foi o maior desafio?
Tivemos uma grande resistência por parte dos professores, justamente por não saberem mexer nas ferramentas tecnológicas. Eu sabia que ia ter um enfrentamento, mas optei por seguir adiante.
Foi muito importante ter o respaldo da equipe técnica, principalmente na questão da formação. Isso foi um diferencial, porque não adianta a empresa vender um serviço e não dar o suporte. No primeiro ano, eles ficaram aqui direto com as formações.
Hoje, expandimos a forma de utilizar a plataforma. Além de produzirmos aulas, criamos uma sala com a psicopedagoga e a psicóloga, para que elas possam colocar lá as sugestões de atividades de inclusão. De certa forma, descobrimos diversas maneiras de usar a ferramenta, que vão além da criação de aulas.
#4. Na sua opinião, qual é a grande vantagem do Creator4all?
Foi a implantação da tecnologia no município, que até então era muito escassa. Devido a isso, investimos bastante nessa área, com a compra de notebooks para os professores, tablets para os alunos e datashow para as salas de aula. De certa forma, esse investimento impulsionou o uso dessas novas tecnologias.
Além disso, a possibilidade de utilizá-lo tanto on-line quanto off-line permitiu a inclusão digital e acessibilidade, garantindo que todos tivessem o mesmo acesso. Hoje, tanto as crianças da zona rural quanto da cidade, com ou sem condições econômicas, têm o mesmo mecanismo de aprendizagem dentro da sala de aula.
A plataforma, de certa forma, pode ser utilizada de outras maneiras, como para disseminação de informações. Isso porque, ao colocar uma sugestão de atividade, por exemplo, ela fica disponível para todos, e toda a rede de ensino tem acesso a essas informações, ficando centralizadas em um único lugar.
#5. A plataforma tem auxiliado os estudantes com necessidades especiais?
À medida que fomos identificando as necessidades, criamos os mecanismos necessários. Existe também dentro da plataforma recursos de inclusão e possui um campo onde o professor prepara as aulas. Este ano, contratamos, via concurso, uma psicóloga, o que foi um grande ganho para nós, além de já contar com os serviços de uma psicopedagoga, há cerca de 2 anos e meio. Elas realizam o acompanhamento nas escolas e, com isso, conseguimos identificar as necessidades e a identidade de cada aluno.
Também utilizamos a plataforma como um espaço para sugerir atividades específicas para trabalhar com alunos autistas, por exemplo, e com outras dificuldades. No entanto, isso ainda está em andamento, e espero que continue, pois está bem encaminhado.
Não basta apenas ter um aluno de inclusão, é fundamental compreender suas necessidades reais e identificar quais são as barreiras enfrentadas por ele. Para isso, é necessário um processo de identificação, que vem sendo realizado pela psicóloga e pela psicopedagoga. Não adianta trabalhar com uma atividade, por exemplo, que não será eficaz para aquele determinado estudante.
#6. Dá para compartilhar outras atividades extracurriculares feitas via plataforma?
Tivemos uma parceria com o Sebrae para aulas de empreendedorismo. Como eles já tinham aulas prontas, decidimos utilizá-las. Solicitei que essas aulas fossem inseridas na plataforma, para que os professores tivessem acesso a elas. Não obrigamos o uso, mas muitos docentes trabalharam com esse conteúdo. Também criamos aulas para um projeto que abordava temas como racismo, lixo e leitura, e enviamos para os professores. Eles, então, desenvolviam as aulas com base no material que foi sugerido.
#7. Você considera que a grande maioria dos professores já está adaptada à plataforma?
Eu acredito que sim, mas há resistência por parte de alguns. Alguns achavam que, assim que a pandemia acabasse, tudo isso também terminaria. Então, acredito que o marco para nós foi não deixar que isso acabasse.
Ao todo, seis escolas aderiram ao software: quatro da cidade e duas da zona rural. Aproximadamente 1.700 alunos puderam experimentar uma nova forma de aprendizado.
Um fato interessante é que no início, durante a pandemia, uma creche também utilizava a plataforma. Eu preparava as atividades, e os pais as faziam com as crianças. Hoje, isso não acontece mais. A ferramenta digital é utilizada por estudantes do Ensino Infantil ao Fundamental.

Alice Aparecida de Oliveira Sanches — Graduada em História pela instituição FESB (Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista), pós-graduada em alfabetização pela instituição Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
Atua na área de educação há 19 anos, no momento exerce o cargo de Secretária de Educação do município de Joanópolis, interior de São Paulo. O maior foco desta gestão (2021-2024) foi o investimento em recursos tecnológicos, como a implantação de uma plataforma digital, a aquisição de notebooks para os professores, tablets para os alunos, datashows em todas as salas e a formação para os professores, com o objetivo de utilizar essas novas ferramentas para tornar as aulas mais atrativas e promover uma aprendizagem significativa.
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